O custo oculto das energias renováveis: Pessoas Em Condição Análoga À De Escravo na cadeia de fornecimento de Etanol
Escravizado do Etanol
O etanol é amplamente reconhecido como uma solução importante para reduzir as emissões de gases de efeito estufa no setor de transporte e combater as mudanças climáticas. Como segundo maior produtor de etanol, o Brasil desempenha um papel significativo na indústria global de biocombustíveis. Entretanto, apesar de seus benefícios ambientais, a produção de etanol levanta sérias preocupações em relação aos direitos trabalhistas, saúde ocupacional e justiça social. O relatório recente Escravizado do Etanol by Reportér Brasil highlights the exploitation and unsafe working conditions faced by sugarcane workers.
“Trabalhadores mortos em queimadas, obrigados a dormir no chão, forçados a trabalhar por conta de dívidas ilegais impostas pelo empregador e até mesmo atingidos por agrotóxicos lançados de aviões estão entre as situações reportadas em canaviais ligados às suas operações.”
Muitos trabalhadores são submetidos à servidão por dívidas e salários imprevisíveis devido a deduções injustas, pagando suas próprias viagens, acomodações e alimentação. Além disso, horários de trabalho extremos e a falta de contratos formais negam aos trabalhadores o acesso a benefícios essenciais da previdência social. Alguns trabalhadores relatam dormir apenas quatro horas por noite, pois longos deslocamentos e turnos exaustivos impossibilitam um descanso adequado. Além disso, os trabalhadores da cana-de-açúcar são frequentemente expostos a pesticidas perigosos, sofrem esforços físicos intensos e correm altos riscos de doenças relacionadas ao calor.
“Durante resgate ocorrido em fazendas de cinco municípios de Goiás e Minas Gerais, trabalhadores relataram aos fiscais que foram atingidos por agrotóxicos. Na foto, tirada pelo celular de um deles, é possível ver o avião que supostamente realizou a pulverização”
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Fonte: Escravizado do Etanol. Trabalhadores relataram aos inspetores que foram pulverizados com pesticidas
Enfrentar esses desafios exige uma aplicação mais rigorosa das leis trabalhistas, maior responsabilização corporativa e melhor supervisão nas cadeias de suprimentos. Uma transição justa na indústria do etanol deve priorizar não apenas a sustentabilidade ambiental, mas também a proteção dos direitos e do bem-estar dos trabalhadores. Governos, empresas e instituições financeiras devem tomar medidas decisivas para eliminar a escravidão moderna, garantir salários justos e fornecer condições de trabalho seguras. O etanol pode ser uma alternativa de combustível mais limpa, mas não deve ser feito à custa de vidas humanas, dignidade e direitos trabalhistas fundamentais.